“Hoje, toda duquesa em Londres desejará beijar-me nas duas faces.” Esta frase foi dita por Ramsay MacDonald no dia em que ingressou no Governo Nacional. Ele começou como pacifista, mas quando conquistou o poder, deixou o Partido Trabalhista para unir-se às próprias autoridades que combatera durante anos. Esse é o tipo clássico de político que usa a rebelião para tornar-se autoridade. Por ser profundamente ressentido contra o governo, por não ser apreciado, amado, aceito; o rebelde deseja derrubar a autoridade e, em consequência, constituir-se na autoridade. Muito freqüentemente, no momento em que atinge tal objetivo, torna-se amigo da própria autoridade que combatia tão acerbamente.
Esse exemplo é claro não fica apenas na distante Europa do século XX, em texto postado neste blog o cirurgião dentista Ernani Maia perguntava “qual a personalidade do PT”, pois bem, acho que após as ultimas conjecturas, acordos e pactos entre partidos, é fácil notarmos que eles apresentam dupla personalidade, ora sendo rebeldes, ora sendo fanáticos, e outras sendo revolucionários. Sua personalidade rebelde fica por conta dos dissidentes que muito se assemelham a Ramsay MacDonald citado acima. Assim coma Ramsay, eles deixaram o PT para unir-se às autoridades que combateram durante os últimos anos. Assim como Ramsay, são profundamente ressentidos contra o governo, não são apreciados pela população, não são amados nem aceitos, exemplo: suas ultimas empreitadas política em Chapadinha!
Essa personalidade rebelde esta muito bem exemplificada na nossa “Câmara de Vereadores” que é um cemitério encerrando os túmulos morais de pessoas que começam como revolucionários e revelam-se apenas rebeldes oportunistas que como Laval vendem-se assim que obtenham bastante capital político. São pessoas que teimam em ancorar seus discursos em honestidade, moral e transparência, mas não foram honestos consigo mesmo e nem tão pouco com seus eleitores.
Se por um lado, nós temos políticos de dupla personalidade, por outro temos eleitores fanáticos que usam a política como causa que lhes salvam da psicose. Esse eleitor é extremamente narcisista e faz de seu governo um ídolo, e pela completa submissão a ele, adquire um apaixonado senso de valor, pois em sua submissão se identifica com o governo, que endeusou e transformou num absoluto. Apaixonado e extremamente frio, se sujeita a uma hierarquia e a ela se submete em nome do proveito próprio sem medir proporções à sua bajulice. Se unindo à classe política dominante procurará obter o máximo de satisfação pessoal. Por outro lado, o grau de satisfação que proporciona aos que são governados por seu líder deve ser o mínimo, de modo que esses continuem a depender de sua vontade e de sua falsa benevolência. Isso manterá a estabilidade social e os homens numa condição psíquica que os prendam a uma situação de dependência. O eleitor fanático está desligado do mundo, cheio de uma paixão que não mede esforços à sua participação ao Absoluto.
Para reconhecermos o fanático devemos ouvir o que ele diz, e observar o brilho em seu olhar, a paixão fria, o discurso apaixonado ao seu ídolo. Desnecessário dizer que o fanático frequentemente fingi-se de revolucionário, e o que diz é precisamente uma cartilha de desespero, como uma carta de um jovem apaixonado à sua primeira amada.
O fanático é hostil a certas figuras reais, particularmente aos representantes da elite. Ele vê nos governantes os poderosos, os fortes e os sábios. Acredita que tais pessoas lhe desejam bem, sabe também que resistir a elas representa, sempre, um castigo; fica satisfeito quando, pela sua docilidade, lhes conquista louvores. Quando o governo fica exposto à crítica, pode valer-se do fanático, que em virtude de sua alienação despreza as críticas e pela sua submissão é capaz de entregar-se à sociedade como bode expiatório. Quem mais representa tão bem este perfil, é claro que a lista de fanáticos pode ser facilmente estendida para o “blogueiro”, para o “advogado”, para o “ex-secretário”, e para o “médico”.
O político assim como o eleitor de perfil revolucionário não é um rebelde, ele é capaz de dizer não. Na mitologia hebraica é um ato de desobediência que expulsa o homem do paraioso, pois lá há a ordem divina de não comer a maçã, e a mulher diz “não”. Ela desobedece e convence o homem a partilhar de sua desobediência. Qual o resultado? No mito, o homem é expulso do Paraíso, de uma situação pré-individualista, pré consciente. Na linguagem do mito, ele não pode voltar. Na verdade, não é capaz de voltar, uma vez despertada a consciência de si. Com seu primeiro ato de desobediência, a história do homem começa, e esse primeiro ato de desobediência é o primeiro ato de liberdade.
O grande segredo dos políticos é não permitir que o eleitorado tenha esse despertar de consciência, é de seu interesse que permaneçamos pré-conscientes.
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