A historia do homem é escrita com penas de corvos, e sua tinta é sangue derramado em papel roubado, e a traição é o enredo principal; seja na religião, política, literatura e até mesmo nas ciências.
O primeiro ato de traição ocorreu – segundo a Bíblia – no próprio céu onde o querubim Luzibel se rebelou contra Deus se tornando em Satanás, e o primeiro a quem o homem traiu foi seu próprio Deus lá no jardim do Éden no mito bíblico da criação quando Adão provou do fruto proibido. E mais tarde o homem viria a trair seu Deus diversas outras vezes; quando foi resgatado do Egito, quando Deus pediu a Sansão que guardasse segredo de sua força e quando seu “povo eleito” não aceitou seu filho.
Freud, o pai da psicanálise foi traído por seu mais estimado pupilo e Gaius Lulius Caesar foi traído por Brutos naquela que talvez seja a traição mais conhecida da historia. E o que seria da historia sem a traição, talvez nem estivéssemos ido à lua, se é que fomos de verdade lá.
Somos traídos o dia todo, todo tempo, somos traídos pelo clima, pelos imprevistos na hora de pagar uma conta, somos traídos pelo nosso carro que deixa de funcionar como esperávamos, somos traídos pelas operadoras de celular, e o mais espantoso é que traímos a nós mesmos, traímos nossos filhos e nossas mulheres e namoradas e nem nos damos conta disso. Estamos sendo traídos diariamente por nossos sentidos, escutamos e ouvimos coisas que não existem, mudamos de opinião frequentemente traindo nossa ideologia... porque não trair o próximo?
Estamos traindo o tempo todo, mas quando depositamos nossas esperanças em um candidato, esperamos que ele se comporte da forma que julgamos ser melhor, acima de tudo ele deve ser leal a mim e não à política local, quantos eleitores de LULA se decepcionaram com ele quando ele se aliou a Sarney, e o que dizer de Collor, hoje defensor inconteste de Sarney e Lula? A quem esses homens traíram?
A psicologia evolutiva explica a origem desse comportamento através da seleção natural, onde só os mais aptos sobreviveriam; em sua historia evolucionaria o homem vivia em clãs e para ter uma posição segura dentro do clã indivíduos fracos fisicamente desenvolveram outras ferramentas de batalha; a intriga, a bajulação e a traição. Esse mesmo comportamento também é percebido em comunidades de primatas, onde indivíduos menores e fracos fisicamente se aproximam dos lideres através de favores e bajulações como forma de garantirem sua integridade física.
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Anaximandro S. Cavalcanti
Psicólogo
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