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8 de março de 2012

08 DE MARÇO: QUEM É O SEXO FRÁGIL?

Nos primórdios da história, lá nos tempos das cavernas quem cuidava da família era a mulher, ao homem cabia a caça, e a segurança do clã, quem detinha o poder da criação era a mulher, ela gerava vida em um processo divino, e eles a invejavam por isso; enquanto a mulher criava – (gerando um filho), o homem destruía – guerreando, matando inimigos. Fazia isso para se impor frente ao poder mágico da mulher de engravidar. 

Nos séculos seguintes o homem procurou inverter essa situação. A mulher sempre foi vista como um ser divino, e foi partindo do religioso que houve uma mudança em seu papel. O mito babilônico da criação começa com a existência de uma deusa-mãe – Tiamate – que governa o universo. 

Anaximandro Cavalcanti
Seus filhos, rebelam-se. Como novo líder elegem Marduque, que além do poder de criar (feminino) tem o poder caracteristicamente masculino de destruir. Esse novo deus primeiro destrói, depois recria, – mas o faz com sua palavra e não, como a mulher, com o seu ventre. A produtividade natural é substituída pela mágica, a mesma do mito da criação bíblico onde a criação começa com a mágica palavra de Deus. Neste mito, contràriamente à realidade, o homem não nasce da mulher, e sim a mulher é feita do homem. No mito bíblico é a mulher que é enganada pelo diabo e leva o homem ao pecado, com isso são expulsos do paraíso e na maldição de Deus, temos novamente uma tentativa de autoafirmação masculina. A função criadora da mulher é reconhecida, mas terá de ser exercida em sofrimento e dor por causa de seu pecado, pecado este cometido contra um (deus masculino). Ao homem destina-se o trabalho, ou seja, à produção, e assim voltamos ao inicio; ao tempo das cavernas, onde o homem era o provedor. A diferença é que agora ele esta em uma posição mais confortável, já que o ato de dar a luz a um filho agora traz sempre a conotação e a lembrança do pecado, isso tudo para lembrar a ela sua posição de inferioridade junto ao homem. 

Hoje vivemos em uma cultura altamente consumidora onde a principal ênfase recai sobre a produtividade natural e sendo o homem estéril, em termos puramente naturalistas, é natural que o homem se senta inferior à mulher, e mesmo após séculos se valendo de uma ideia teológica de superioridade sua posição ainda é vulnerável, antes pelo fato de não ser capaz de gerar outra vida; hoje pelo fato de estar profundamente imbuído de provar constantemente, a toda sociedade, – e principalmente às mulheres – que corresponde a qualquer expectativa que se mantenha em relação a ele. O que o homem procura é prestígio e valor aos olhos da mulher, e essa busca lança alguma luz sobre a qualidade específica da vaidade do homem. A característica essencial da vaidade masculina é o exibicionismo, a demonstração do bom “executor” que ele é. O homem anseia por afirmar que não tem medo de falhar. Sua vaidade parece colorir toda a sua atividade. 

Outro resultado da precária posição do homem em relação à mulher é seu medo do ridículo feminino, é o ódio potencial que experimenta por ela. Esse ódio contribui para um anseio que tem também uma função defensiva: dominar a mulher, ter poder sobre ela, fazê-la sentir-se fraca e inferior. O poder sobre uma pessoa depende de fatores mantidos com tal segurança que jamais possa surgir uma dúvida sobre a capacidade ou a competência. Incidentalmente, a promessa de poder sobre a mulher é o conforto que o mito bíblico, de tendências patriarcais, oferece ao homem, ainda quando Deus o amaldiçoa. 

Se a principal arma do homem contra a mulher é seu poder físico e social sobre ela, então a principal arma da mulher é a possibilidade de ridicularizar o homem. A hostilidade específica do homem é sobrepor-se pela força física, pela força política ou econômica; a da mulher é solapar, pelo ridículo e pelo desprezo. 


Anaximandro Silva Cavalcanti 
(Psicólogo CRP11/06725)

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