Por: Francisco C. da Silva
(Cidadão brasileiro e Chapadinhense)
Os seres humanos além de todos os outros dons possuem um dos mais especiais: o dom da fala. E é exatamente por causa deste dom, que nós humanos somos capazes de expressar nossas emoções, desejos, alegrias, tristezas dores e sofrimentos em geral. Ao sentirmos uma dor profunda ou não, procuraremos logo aliviá-la com algum tipo de remédio caseiro ou farmacêutico, porque isso nos incomoda; no entanto, quando se trata dos animais os seres humanos geralmente são frios e indiferentes no que diz respeito as dores que sofrem.
Vejam-se por exemplo: a castração de animais sem anestesia, o não-tratamento de ferimentos (às vezes visíveis), deixar de dar água, comida e abrigo adequados. Tem sido veiculado na televisão brasileira com bastante frequência maus tratos atribuídos a cães, gatos, jumentos, cavalos etc. Felizmente, porém, algumas poucas vozes têm sido ecoadas em defesa de tais indefesos; e isso é muitíssimo louvável (pelo menos para uns poucos). Todavia, o que dizer de Chapadinha? Será que existem maus tratos aqui? Você já tentou observar? Se olhar por perto, verá todos os dias.
Como ser humano normal e cidadão chapadinhense observo maus tratos constantes infligidos contras os cavalos, jumentos e burros que arrastam as carroças dos carroceiros de Chapadinha (com raríssimas exceções). O problema não está em se trabalhar de carroceiro, pois todos precisam trabalhar para sustentar a si e/ou a suas famílias; mas sim, na forma como a maioria deles conduz esse trabalho sem nenhuma observação (perceptível) da Secretaria do Meio Ambiente ou qualquer outro órgão que possa responder por isso.
O que se vê aqui é a maioria dos carroceiros andar montados nas carroças carregadas de areia, pedras, madeira, entulhos dentre outras coisas; todas com excesso de peso; é só você olhar e verá. Além do mais, eles não forram adequadamente as costas dos animais; muitos colocam apenas trapos (pedaços de molambos), às vezes até plástico nas costas deles e ninguém vê isso, parece que só o redator deste artigo consegue ver tais atrocidades. Os animais deles ficam expostos horas a fio em sol escaldante sem nenhuma sombra; à espera de algum serviço, com muita sede, sem dúvidas. E nada é feito para aliviar a dor deles. Nem mesmos os veterinários que estudaram para amenizar a dor e o sofrimento deles se manifestam contra ou fazem alguma coisa no sentido aqui abordado. Muitos desses animais certamente trabalham doentes com patas gastas pelo asfalto e outras doenças causadas pelo excesso de trabalho que é de domingo a domingo.
Ademais, é bom lembrar que o maldito espírito capitalista ganancioso, não está presente apenas na mente dos ricos, existem pobres tão gananciosos quanto.
Mas nada se faz pelos sofridos animais de nossa cidade. Pense nisso. Animais já foram vistos carregando toras de madeira bem pesados subindo ladeira com o maldito carroceiro montado e batendo no coitado do cavalo. Animais às vezes mancando de uma pata, são colocados para trabalhar mesmo doentes. Outros já foram vistos caindo por excesso de peso. Além disso, para obrigar os animais a andarem mais rápido, a maioria deles utiliza instrumentos de tortura pontiagudos ou perfurocortantes geralmente dando estocadas e sistematicamente puxando a corda que os amarra na cabeça aumentando ainda mais o sofrimento deles. Quem se preocupa com isso? Só eu talvez.
No período do festejo religioso de Chapadinha em setembro, esses animais são vistos trabalhando até tarde da noite sem o direito sequer de um gole de água, quanto menos o merecido descanso. É maldade demais para se ficar em silêncio perpétuo.
As autoridades combatem as rinhas de brigas de galo e isto é elogiável. Nas festas de rodeio deste ano de 2012 no Sul do nosso país, os promotores do Ministério Público daquela região proibiram o uso de esporas pontiagudas e o uso de varas para açoitar os touros com estocadas. Excelente trabalho daquele Ministério Público. E os maus tratos aos outros animais, como os mencionados aqui, não merecem também a mesma atenção? Ou você acha que só os problemas humanos por serem muitos e complexos merecem ser cuidados?
Quando o Deus Todo-Poderoso deu as leis à nação de Israel, uma das coisas que ele exigiu foi que os animais tivessem um dia para descansar (naquele tempo o sábado, hoje qualquer dia serve (se eles tiverem esta sorte)), (ÊXODO 20:10).Deus disse também, que um boi grande não deveria trabalhar junto com um pequeno em vista de suas forças desiguais. Isto mostra o cuidado que Deus tem com suas criaturas inferiores.
Em contraste com isso, conforme declara o livro bíblico de Provérbios 12:10: “ O justo importa-se com a vida do seu animal doméstico, mas a misericórdia dos ímpios são cruéis”. De fato, em quatro dos livros do Pentateuco*, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, encontram-se vários versículos onde Deus mostra sua preocupação com os animais de carga; e até, com os ninhos dos pássaros; já que eles levam tempo e esforço para construí-los e para criarem seus filhotes (Deuteronômio 22:6,7).
Finalmente, pergunto a você autoridade que tem a competência para tentar resolver tais problemas, acha que está bom assim como está? Pessoalmente acho triste e penosa a situação deles.
* Pentateuco: os primeiros cinco livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
P.S: Caro leitor, queira deixar o seu comentário por favor. Ajude a combater os crimes contra os animais; eles são indefesos – não falam.