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12 de dezembro de 2012

O NATAL TRISTE (Por Anaximandro Cavalcanti)



“A difícil tarefa de lembrar o que passou e fazer novos planos fatalmente causa descontentamento. Principalmente por causa de um erro comum, de confundir desejos com metas. Então, a própria cobrança por estar bem gera um estresse de felicidade”. 
Alexandre Bez

Mas um natal se aproxima; as fachadas já piscam nas casas, e as lojas anunciam que papai Noel chegou; e chegou trazendo consigo uma dualidade no que se refere aos nossos sentimentos. 

Nesta época todos estão festejando, fazendo cobranças e promessas para o próximo ano e, por mais que o individuo tente se proteger, ele é atingido pela forte carga emocional que envolve este período onde ficamos mais suscetíveis a sentimentos, tendemos a ser mais “bonzinhos”. Uma grande comoção toma as pessoas, e todos nós somos praticamente “obrigados” a compartilhar do espírito natalino, e ainda tem os presentes para dar e receber, as confraternizações no trabalho, os amigos secretos e as reuniões de família que dão a sensação de pertencimento (a uma comunidade) e bem estar. 

Anaximandro  Cavalcanti
Para muitos essas tarefas são feitas com prazer e satisfação; preparam com antecedência a lista de presentes com todos os familiares e amigos mais “chegados”, vão à missa fazem juntos a tão esperada ceia de natal e até assistem a missa do galo; mais muitas das vezes, essas pessoas viveram juntas todo o ano sem nem sequer um bom dia, boa tarde, ou boa noite. Essa mudança repentina de caráter – é claro, não funciona – e para uns mais emotivos ocorre o efeito inverso produzindo sentimentos negativos desencadeadores de ansiedade, angustia e depressão. É importante lembrar que todos estes fatores que levam a esses sentimentos, são inerentes a cada pessoa. O que para uns é esperança e sonho, para outros não passa de um tormento, e um pesadelo. 

É natural que todos esses sentimentos se manifestem nesta época, pois fazemos uma avaliação e nos tornamos mais conscientes do que nos cerca. Essas cobranças, que podem ser de ordem familiar, religiosa, pessoal e social, resultam das metas que o individuo traçou e, por inúmeros motivos, não foi capaz de alcançar. Esses planos não alcançados podem gerar uma angustia. 2013 particularmente para nós representará um ano de mudança, elegemos uma nova prefeita, e para muitos, descansa em seus ombros o nosso futuro. Fazem conjecturas imaginarias do vir-a-ser” esperando que o próximo ano seja melhor, esperam conseguir conquistar seus objetivos, mas em uma postura de extremo risco delegam todos os seus sonhos e a sua felicidade “pessoal” a que não de direito. 

Este período de natal e de fim de ano traz à tona toda a experiência vivida nos 12 meses anteriores, alegrias, decepções, planos – na maior parte frustrados – e novas esperanças no ano novo que se inicia. O natal é tempo de perdoar, e na noite de fim de ano é tempo de recomeço. No fundo, é como se toda noite de fim de ano nós morrêssemos, só para descobrir e viver tudo de novo, as mesmas perdas, os mesmos planos. Alguns se sentem depressivos por não terem mais seus entes queridos, fator que desencadeia lembranças e, consequentemente, tristeza e melancolia, outros se sentem da mesma forma por nunca terem... 
... família! 

Anaximandro S. Cavalcanti 
Psicólogo

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