Por volta de 1820, a família real residia no Rio de Janeiro. A cidade era suja e infestada de ratos e urubus. Assim como outras cidades brasileiras, não havia qualquer serviço de saneamento básico e a construção de fossas sanitárias era proibida pela pequena profundidade do lençol freático.
As fezes e urinas eram, então, guardadas em barris. A remoção dos barris cheios se fazia geralmente à noite, por escravos que cruzavam a cidade para despejar os dejetos no mar ou terrenos baldios. Parte do conteúdo dos barris, repleto de uréia e amônia, escorria pela pele dos negros e, depois de algum tempo, formava listras sinuosas brancas em seus corpos. Daí, eles foram apelidados de "tigres".
O que isso tem a ver com Chapadinha? Guardadas as devidas proporções, a semelhança com essa época é notável.
A imundice em Chapadinha, assim como em 1820, também é assustadora. Ratos e urubus ocupam a prefeitura. O governo produz na administração dejetos em uma quantidade vultuosa, e estes devem ser escondidos na calada da noite para que o odor não chame a atenção dos moradores.
O trabalho de remover esses dejetos e despejá-los em um local distante, em Chapadinha, fica a cargo da imprensa servil municipal. (Blogs, rádios e TVs que, artificialmente, perfumam a podridão local.) Durante esse trabalho, esses dejetos também escorrem sobre cada um dos aduladores de plantão, marcando-os de maneira determinante. Essas marcas são permanentes e irreparáveis, e nem a creolina do futuro poderá removê-las. São os "tigres de Chapadinha".
A diferença é que os "tigres" do Rio de Janeiro de 1820 merecem nossa compaixão, por serem submetidos a tal degradação pela força. Já os "tigres de Chapadinha" só merecem nosso desprezo, pois sua degradação é auto-induzida.
Dr. Ernani Maia
(Cirurgião-Dentista)
0 comentários:
Postar um comentário